segunda-feira, 26 de maio de 2008

O processo de escolha profissional: da dúvida à decisão

Andréa Luiza da Silveira
CRP-12/02021
deasilveira@gmail.com
(48) 8415-4034

Ter recursos para prover os meios de vida e de realização pessoal é uma preocupação de jovens e adultos. Em determinada fase da vida, geralmente, as pessoas pensam em iniciar um projeto profissional através do primeiro emprego, da realização de um concurso para uma escola técnica ou para um curso superior. Pode ocorrer, no período da escolha profissional, de se viver a dúvida e a angustia. A dúvida e a angustia fazem parte da própria escolha até se chegar à decisão. Entretanto, a dúvida e a angustia podem ocorrer também, de uma forma em que a pessoa sente-se paralisada frente aos estudos, vê-se como fracassada ou se sente perdida. Então, quando a dúvida e a angústia atrapalham o processo de escolha, como lidar com elas? Uma boa opção é recorrer-se a Orientação Profissional com um psicólogo. A Orientação Profissional auxilia o processo de escolha profissional atacando, sobretudo, três pontos: o conhecimento sobre as profissões, a relação com a aprendizagem, as possibilidades concretas que se apresentam para aquele jovem especificamente.

Ora, é comum alimentar-se a dúvida e a angustia acreditando que se deve encontrar a verdadeira vocação. Porém, a escolha jamais é definitiva. O que as pessoas têm, na verdade, são possibilidades, como, por exemplo, as condições sócios-econômicas que viabilizam certas escolhas e outras não. Para um jovem que pretende ingressar na universidade pela primeira vez existe um grande número de cursos possíveis. Para ele, a maioria dos cursos é novidade, principalmente quando ainda não teve nenhuma vivência profissional. Mas, quais são suas reais possibilidades. Para um jovem que irá prestar o primeiro vestibular, por exemplo, e sonha em ser Engenheiro Mecânico, mas precisa trabalhar. Quais estratégias ele pode lançar mão para realizar o seu sonho? A condição deste jovem é diferente da de outro jovem cujos pais são dentistas e ele pretende fazer ondontologia.

Os jovens, ao enfrentarem a escolha por uma profissão, muitas vezes são pressionados pelos familiares: ter que fazer um curso que dê dinheiro, ter que fazer um curso específico segundo o sonho do pai ou da mãe, ter que passar em qualquer curso para entrar na universidade de qualquer jeito etc. A pressão, provavelmente, proporciona tensão, ansiedade, tristeza ao jovem. A pressão familiar aliada à vivência do jovem de que a primeira escolha é definitiva, isto é, para toda a vida, pode deixá-lo ainda mais em dúvida e angustiado. E, se não bastasse a dúvida e a angustia por si só, tamanha indecisão o atrapalha ao estudar, pois, enfrenta dificuldades para concentrar-se.

Assim, vê-se que o jovem tem influências que podem ser favoráveis a um processo de escolha seguro ou influências desfavoráveis a este processo. Resta saber como lidar com elas. É importante que o jovem ao invés de conselhos tenha aberto diante de si um leque de possibilidades, isto é, condições de obter informações sobre as profissões, contato com profissionais da sua área de interesse e observar profissionais trabalhando se for permitido.

Pode-se observar que as sugestões acima são concretas. O jovem deve ser colocado frente a realidade nua e crua. E além disto, deve pensar ‘será que quero passar o resto da minha vida fazendo isto?’ ou refletir, ‘será que quero realizar esta profissão durante vários anos da minha vida?’ ‘Mas, se eu não gostar posso tentar outra coisa’.

O caso de Cal é um exemplo do que foi afirmado acima (caso e nome fictícios). O sonho de Cal era fazer medicina, desde o primeiro ano do segundo grau. Quando comunicou aos pais seu sonho eles ficaram muito felizes. Não mediram esforços para que o filho tivesse o melhor preparo. Os anos se passaram e Cal prestou o exame vestibular. Dedicou-se muito, sempre foi um bom aluno e passou no terceiro vestibular que prestou. Todos comemoraram e seus pais ficaram cheios de orgulho. Entretanto, Cal não suportou o curso de medicina. No primeiro ano viu que não queria ser médico. Não queria lidar com a doença de outras pessoas etc. Seus pais ficaram desesperados, mas Cal não abriu mão. Prestou exame novamente, desta vez para direito. E hoje, já um profissional atuante, está muito realizado como advogado.

Cal soube conversar com os pais. Apesar de eles terem ficado tristes, no início, depois se alegraram com a realização do filho. No entanto, há situações difíceis, com brigas, choros, sofrimentos, isolamento do jovem. Nestes casos, a ajuda da Orientação Profissional pode ser bem vinda.

Então, a Orientação Profissional, pode ser útil para aqueles que sofrem com uma imensa dúvida e angustia. Mas também, pode ser bastante útil nas situações em que o jovem não tem a menor idéia do que gostaria de fazer. Nada lhe agrada ou tudo lhe agrada. Nunca teve experiência profissional, não sabe como é o trabalho dos pais etc. O primeiro passo deste jovem deverá ser conhecer as profissões mais de perto.

O segundo passo propiciado pela Orientação Profissional, depois de se deparar com o conjunto de profissões possíveis a partir do seu contexto de vida, será a investigação do projeto da pessoa: o que ele fez até o momento; quais os cursos que realizou; quais as suas distrações preferidas; como ele organiza a sua vida e assim por diante. Verificando-se as suas ações cotidianas e as suas qualidades pode-se delimitar um certo perfil profissional. Por exemplo, uma pessoa tímida, com dificuldade em falar com as outras pessoas precisa superar está qualidade de ser tímida se quiser ser um profissional da área de Relações Públicas.

Um ponto muito importante que deve ser superado é a dificuldade de aprendizagem. A pessoa pode ter dificuldade em se concentrar, em ter disciplina para estudar, fica ansiosa na hora da prova e esquece a matéria e assim por diante. Estas características vão atrapalhá-la tanto nos estudos quanto na prova do vestibular ou em outro concurso e vão atrapalha-la igualmente, nos estudos e nas provas no decorrer do curso escolhido. Esta é uma das demandas que se supera mediante a Orientação Profissional.

Viu-se, brevemente, que a escolha deve ser pautada nos dados da realidade, tanto no que concerne às características individuais como no conjunto de possibilidades socioeconômicas e psicológicas que se apresenta a pessoa. A decisão deve ser orientada pelo psicólogo como uma escolha possível, não definitiva. A escolha possível em função de um determinado futuro que o jovem almeja. Portanto, esta escolha está ligada a outras relações da pessoa: amorosa, familiar, com os estudos, com o lazer, com os amigos. Por isso, é fundamental levar-se em conta que a escolha profissional está relacionadas a outros aspectos da vida das pessoas, pois envolve um estilo de viver.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Estresse, emoções e problemas cardíacos.

Andréa Luiza da Silveira
CRP-12/02021
(48) 8415-4034
deasilveira@gmail.com

Quando alguém se refere aos aspectos psicológicos que influenciam nas cardiopatias, costuma citar o estresse. Hoje em dia, é comum dizer-se das situações que nós vivemos como difíceis, sofridas e emocionantes, que elas foram estressantes. Brigou com o filho aí diz “estou estressado”. Estou trabalhando além do limite, também diz, “estou estressada”. A relação amorosa não vai bem, ainda dizem, “estamos estressados um com o outro”.

Então, a palavra estresse, que serve para designar uma situação estremada, na qual a pessoa foi além de seu limite, está sendo utilizada para definir os mais diversos acontecimentos e emoções vividas em decorrência destes acontecimentos.

Ora, mas o que aconteceu afinal quando briguei com meu filho e chorei depois? O que é este sofrimento que me persegue por não conseguir um entendimento com o meu amor? Por que trabalho cada vez mais e nunca é o suficiente? Mas, se formos investigar a fundo o que, de fato, está por traz de cada exemplo destes, veremos que é muito mais que um simples estresse. Viver uma situação estremada pode-se dizer dela, que foi estressante, porque esta situação fez você passar de seu limite. Mas, chorar, tremer, irritar-se, o coração acelerar, sentir vontade de sumir etc. não é estresse e sim é uma emoção. Esta emoção, pode ser a ansiedade, a tristeza, misto de alegria/euforia e tristeza, etc. Entretanto, uma emoção, o tremor, as lágrimas, o coração acelerar e a tristeza ocorrem sempre, em uma situação específica.

As pessoas lidam de formas diferentes com os impasses, em suas vidas. Estes impasses são significativos, são importantes de uma maneira especial, para cada pessoa. Portanto, o sentido da emoção é próprio da pessoa que a viveu e daquela situação específica, isto é, enquanto uma pessoa reage explodindo, brigando outra reage chorando sem conseguir conversar. Por que chorei naquela situação? O que aconteceu que nos fez brigar, perder a calma e explodir? Por que sempre fico nervoso em dadas circunstâncias? Estas são questões relevantes, que precisam ser feitas para se entender esta dinâmica psicológica caracterizada por uma forma recorrente de agir frente às situações difíceis que ocorrem na vida das pessoas, sobretudo, daquelas que sofrem de alguma cardiopatia.

Sim! É verdade que processos emocionais podem influenciar a origem dos mais diversos tipos de doenças. Principalmente, quando a pessoa que se emociona constantemente e em diversos momentos do seu dia a dia quando se depara com dificuldades, com ocorrências que são particularmente difíceis para ela. Perante tal dificuldade, a situação que a pessoa está vivendo lhe aparece como sem saída, na vivência da falta de opção em agir para resolver o problema que se apresenta, a pessoa que se emociona age sobre si mesma chorando, desmaiando ou trancando-se num quarto escuro, sem vontade para nada.

A maneira mais adequada de agir frente aos impasses seria pensar em formas de identificar quais as possibilidades para resolver-los. Por exemplo, perguntar-se, “como fazer para resolvê-los?”. Mas, pensar e agir no sentido de resolver os problemas, os impasses e superar a tristeza, a falta de sentido na vida, o nervosismo etc., será, certamente, um aprendizado para aqueles que costumam agir no mundo através da ansiedade, da tristeza etc. Este aprendizado pode ser realizado com a ajuda de um profissional qualificado, como o psicólogo. Neste caso, não é preciso ficar doente para cuidar do coração, que cumpre uma função orgânica fundamental. Pode ser uma atitude preventiva ter uma vida com qualidade.

Mas, para aqueles que já estão doentes, não esqueçam que, além de mudar a alimentação e mudar os hábitos do dia a dia, muitas vezes, é fundamental mudar também, a atitude frente à vida. Para tanto, é aconselhável o acompanhamento psicológico.

Fotos: Fábio Carminati

terça-feira, 13 de maio de 2008

Psicoterapia, uma alternativa para a superação dos problemas psicológicos.


Você já viveu alguma situação de sofrimento no trabalho, no seio familiar, no ambiente de estudos, nos grupos de amigos?

Os problemas psicológicos, muitas vezes, começam assim, como um desconforto nas relações. As queixas mais comuns são: a timidez, a dificuldade de concentração, certa melancolia ou tristeza, as dificuldades em relação à sexualidade, a insatisfação a respeito do próprio corpo, as dificuldades em lidar com algumas situações sem se emocionar (chorar ou explodir), a insegurança em relação à profissão, as dúvidas na escolha de uma profissão, a depressão, a esquizofrenia etc. Mas é importante saber que, do mesmo modo que tais dificuldades acontecem na vida das pessoas, elas podem ser superadas.
Resolver uma dificuldade de ordem psicológica só é possível porque a personalidade é constituída historicamente mediante diversas relações. O tempo é uma destas relações (passado, presente e futuro), com os outros (família, amigos), com o corpo e com o mundo (instrumentos de trabalho e roupas). Por conseguinte, sendo estas as relações fundamentais das pessoas, é justamente nelas que se dá a complicação a nível psicológico. E, resolve-se o problema psicológico na medida que se soluciona os impasses destas relações. O trabalho do psicólogo é, exatamente, orientar através do método científico adequado, a resolução de tais problemas.

Vejamos um exemplo de uma pessoa que se complica psicologicamente em dado momento de sua história pessoal. Sr. ‘X’’ é um homem que tem um cotidiano rígido de horários precisos. Ele jamais se atrasa, é conhecido como pontual e responsável. Costuma-se dizer “com Sr.X. pode-se contar...”. No entanto, aumentaram as suas responsabilidades no trabalho ao mesmo tempo que teve que buscar, todos os dias, seu filho na escola. Sr. X tem se aborrecido. Cada vez mais tem se aborrecido e irrita-se facilmente. Quando vai buscar o filho na escola, irrita-se (emoção) profundamente com o transito (em relação ao mundo) posto que chega atrasado e sempre deixa coisas por fazer no escritório. Atualmente costuma irritar-se com os outros, já houveram alguns maus entendidos no trabalho e com sua esposa. Irrita-se quando o filho (em relação aos outros) demora para se arrumar antes de ir para a escola ou brinca na frente da escola enquanto sr. ‘X’ o espera. Então, Sr. X briga com o filho. Aliás, de repente, irrita-se facilmente e em qualquer lugar, no trabalho, em casa e até em atividades de lazer. Nosso irritado preocupa-se, pois quando se dá conta já está brigando, xingando, faz seu filho sofrer com tal atitude e magoa as pessoas. Ele mesmo já percebeu sua mudança de atitude, não consegue deixar de se irritar e não quer mais se relacionar assim.

Podemos dizer que Sr. X não está conseguindo lidar com determinadas relações em determinado contexto de sua vida. Este fato aborrece-o, visto que, não é este o pai que quer ser e o colega de trabalho que quer ser. Sr. ‘X’ gostaria que as pessoas continuassem a contar com ele sem ter medo que ele explodisse ou se irritasse. Mas para que ele consiga superar esta ‘irritação’ talvez necessite do auxilio de um profissional capacitado. A psicoterapia é uma alternativa que as pessoas têm para buscar a resolução dos problemas psicológicos, como os do sr. ‘X’. Ora, vivemos numa mesma cultura, na qual impera o corre-corre. Diz-se até que esta é a condição das pessoas modernas. Então, parece que temos senhores X’s, senhoras X’s, crianças X’s.

A psicologia está a disposição das pessoas, para que ao invés de enfrentarem suas dificuldades sozinhas possam ter retaguarda de uma ciência com metodologia adequada e segura. Sendo que, esta ciência é a psicologia.

Fotos Fábio Carminati