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Quando alguém se refere aos aspectos psicológicos que influenciam nas cardiopatias, costuma citar o estresse. Hoje em dia, é comum dizer-se das situações que nós vivemos como difíceis, sofridas e emocionantes, que elas foram estressantes. Brigou com o filho aí diz “estou estressado”. Estou trabalhando além do limite, também diz, “estou estressada”. A relação amorosa não vai bem, ainda dizem, “estamos estressados um com o outro”.
Então, a palavra estresse, que serve para designar uma situação estremada, na qual a pessoa foi além de seu limite, está sendo utilizada para definir os mais diversos acontecimentos e emoções vividas em decorrência destes acontecimentos.
Ora, mas o que aconteceu afinal quando briguei com meu filho e chorei depois? O que é este sofrimento que me persegue por não conseguir um entendimento com o meu amor? Por que trabalho cada vez mais e nunca é o suficiente? Mas, se formos investigar a fundo o que, de fato, está por traz de cada exemplo destes, veremos que é muito mais que um simples estresse. Viver uma situação estremada pode-se dizer dela, que foi estressante, porque esta situação fez você passar de seu limite. Mas, chorar, tremer, irritar-se, o coração acelerar, sentir vontade de sumir etc. não é estresse e sim é uma emoção. Esta emoção, pode ser a ansiedade, a tristeza, misto de alegria/euforia e tristeza, etc. Entretanto, uma emoção, o tremor, as lágrimas, o coração acelerar e a tristeza ocorrem sempre, em uma situação específica.
As pessoas lidam de formas diferentes com os impasses, em suas vidas. Estes impasses são significativos, são importantes de uma maneira especial, para cada pessoa. Portanto, o sentido da emoção é próprio da pessoa que a viveu e daquela situação específica, isto é, enquanto uma pessoa reage explodindo, brigando outra reage chorando sem conseguir conversar. Por que chorei naquela situação? O que aconteceu que nos fez brigar, perder a calma e explodir? Por que sempre fico nervoso em dadas circunstâncias? Estas são questões relevantes, que precisam ser feitas para se entender esta dinâmica psicológica caracterizada por uma forma recorrente de agir frente às situações difíceis que ocorrem na vida das pessoas, sobretudo, daquelas que sofrem de alguma cardiopatia.
Sim! É verdade que processos emocionais podem influenciar a origem dos mais diversos tipos de doenças. Principalmente, quando a pessoa que se emociona constantemente e em diversos momentos do seu dia a dia quando se depara com dificuldades, com ocorrências que são particularmente difíceis para ela. Perante tal dificuldade, a situação que a pessoa está vivendo lhe aparece como sem saída, na vivência da falta de opção em agir para resolver o problema que se apresenta, a pessoa que se emociona age sobre si mesma chorando, desmaiando ou trancando-se num quarto escuro, sem vontade para nada.
A maneira mais adequada de agir frente aos impasses seria pensar em formas de identificar quais as possibilidades para resolver-los. Por exemplo, perguntar-se, “como fazer para resolvê-los?”. Mas, pensar e agir no sentido de resolver os problemas, os impasses e superar a tristeza, a falta de sentido na vida, o nervosismo etc., será, certamente, um aprendizado para aqueles que costumam agir no mundo através da ansiedade, da tristeza etc. Este aprendizado pode ser realizado com a ajuda de um profissional qualificado, como o psicólogo. Neste caso, não é preciso ficar doente para cuidar do coração, que cumpre uma função orgânica fundamental. Pode ser uma atitude preventiva ter uma vida com qualidade.
Mas, para aqueles que já estão doentes, não esqueçam que, além de mudar a alimentação e mudar os hábitos do dia a dia, muitas vezes, é fundamental mudar também, a atitude frente à vida. Para tanto, é aconselhável o acompanhamento psicológico.
Fotos: Fábio Carminati