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Ter recursos para prover os meios de vida e de realização pessoal é uma preocupação de jovens e adultos. Em determinada fase da vida, geralmente, as pessoas pensam em iniciar um projeto profissional através do primeiro emprego, da realização de um concurso para uma escola técnica ou para um curso superior. Pode ocorrer, no período da escolha profissional, de se viver a dúvida e a angustia. A dúvida e a angustia fazem parte da própria escolha até se chegar à decisão. Entretanto, a dúvida e a angustia podem ocorrer também, de uma forma em que a pessoa sente-se paralisada frente aos estudos, vê-se como fracassada ou se sente perdida. Então, quando a dúvida e a angústia atrapalham o processo de escolha, como lidar com elas? Uma boa opção é recorrer-se a Orientação Profissional com um psicólogo. A Orientação Profissional auxilia o processo de escolha profissional atacando, sobretudo, três pontos: o conhecimento sobre as profissões, a relação com a aprendizagem, as possibilidades concretas que se apresentam para aquele jovem especificamente.
Ora, é comum alimentar-se a dúvida e a angustia acreditando que se deve encontrar a verdadeira vocação. Porém, a escolha jamais é definitiva. O que as pessoas têm, na verdade, são possibilidades, como, por exemplo, as condições sócios-econômicas que viabilizam certas escolhas e outras não. Para um jovem que pretende ingressar na universidade pela primeira vez existe um grande número de cursos possíveis. Para ele, a maioria dos cursos é novidade, principalmente quando ainda não teve nenhuma vivência profissional. Mas, quais são suas reais possibilidades. Para um jovem que irá prestar o primeiro vestibular, por exemplo, e sonha em ser Engenheiro Mecânico, mas precisa trabalhar. Quais estratégias ele pode lançar mão para realizar o seu sonho? A condição deste jovem é diferente da de outro jovem cujos pais são dentistas e ele pretende fazer ondontologia.
Os jovens, ao enfrentarem a escolha por uma profissão, muitas vezes são pressionados pelos familiares: ter que fazer um curso que dê dinheiro, ter que fazer um curso específico segundo o sonho do pai ou da mãe, ter que passar em qualquer curso para entrar na universidade de qualquer jeito etc. A pressão, provavelmente, proporciona tensão, ansiedade, tristeza ao jovem. A pressão familiar aliada à vivência do jovem de que a primeira escolha é definitiva, isto é, para toda a vida, pode deixá-lo ainda mais em dúvida e angustiado. E, se não bastasse a dúvida e a angustia por si só, tamanha indecisão o atrapalha ao estudar, pois, enfrenta dificuldades para concentrar-se.
Assim, vê-se que o jovem tem influências que podem ser favoráveis a um processo de escolha seguro ou influências desfavoráveis a este processo. Resta saber como lidar com elas. É importante que o jovem ao invés de conselhos tenha aberto diante de si um leque de possibilidades, isto é, condições de obter informações sobre as profissões, contato com profissionais da sua área de interesse e observar profissionais trabalhando se for permitido.
Pode-se observar que as sugestões acima são concretas. O jovem deve ser colocado frente a realidade nua e crua. E além disto, deve pensar ‘será que quero passar o resto da minha vida fazendo isto?’ ou refletir, ‘será que quero realizar esta profissão durante vários anos da minha vida?’ ‘Mas, se eu não gostar posso tentar outra coisa’.
O caso de Cal é um exemplo do que foi afirmado acima (caso e nome fictícios). O sonho de Cal era fazer medicina, desde o primeiro ano do segundo grau. Quando comunicou aos pais seu sonho eles ficaram muito felizes. Não mediram esforços para que o filho tivesse o melhor preparo. Os anos se passaram e Cal prestou o exame vestibular. Dedicou-se muito, sempre foi um bom aluno e passou no terceiro vestibular que prestou. Todos comemoraram e seus pais ficaram cheios de orgulho. Entretanto, Cal não suportou o curso de medicina. No primeiro ano viu que não queria ser médico. Não queria lidar com a doença de outras pessoas etc. Seus pais ficaram desesperados, mas Cal não abriu mão. Prestou exame novamente, desta vez para direito. E hoje, já um profissional atuante, está muito realizado como advogado.
Cal soube conversar com os pais. Apesar de eles terem ficado tristes, no início, depois se alegraram com a realização do filho. No entanto, há situações difíceis, com brigas, choros, sofrimentos, isolamento do jovem. Nestes casos, a ajuda da Orientação Profissional pode ser bem vinda.
Então, a Orientação Profissional, pode ser útil para aqueles que sofrem com uma imensa dúvida e angustia. Mas também, pode ser bastante útil nas situações em que o jovem não tem a menor idéia do que gostaria de fazer. Nada lhe agrada ou tudo lhe agrada. Nunca teve experiência profissional, não sabe como é o trabalho dos pais etc. O primeiro passo deste jovem deverá ser conhecer as profissões mais de perto.
O segundo passo propiciado pela Orientação Profissional, depois de se deparar com o conjunto de profissões possíveis a partir do seu contexto de vida, será a investigação do projeto da pessoa: o que ele fez até o momento; quais os cursos que realizou; quais as suas distrações preferidas; como ele organiza a sua vida e assim por diante. Verificando-se as suas ações cotidianas e as suas qualidades pode-se delimitar um certo perfil profissional. Por exemplo, uma pessoa tímida, com dificuldade em falar com as outras pessoas precisa superar está qualidade de ser tímida se quiser ser um profissional da área de Relações Públicas.
Um ponto muito importante que deve ser superado é a dificuldade de aprendizagem. A pessoa pode ter dificuldade em se concentrar, em ter disciplina para estudar, fica ansiosa na hora da prova e esquece a matéria e assim por diante. Estas características vão atrapalhá-la tanto nos estudos quanto na prova do vestibular ou em outro concurso e vão atrapalha-la igualmente, nos estudos e nas provas no decorrer do curso escolhido. Esta é uma das demandas que se supera mediante a Orientação Profissional.
Viu-se, brevemente, que a escolha deve ser pautada nos dados da realidade, tanto no que concerne às características individuais como no conjunto de possibilidades socioeconômicas e psicológicas que se apresenta a pessoa. A decisão deve ser orientada pelo psicólogo como uma escolha possível, não definitiva. A escolha possível em função de um determinado futuro que o jovem almeja. Portanto, esta escolha está ligada a outras relações da pessoa: amorosa, familiar, com os estudos, com o lazer, com os amigos. Por isso, é fundamental levar-se em conta que a escolha profissional está relacionadas a outros aspectos da vida das pessoas, pois envolve um estilo de viver.