sábado, 11 de outubro de 2008

Família: solidariedade e comprometimento

Quais são os principais problemas da família moderna? Na verdade são vários. Mas, uma das demandas que se sobressaem no processo psicoterapêutico familiar está relacionada à educação dos filhos. A correria do dia-a-dia, muitas vezes relacionada às exigências do trabalho, deixa pouco tempo para o casal, para a família. Neste sentido, tendo pouco tempo para fazerem coisas juntos, aos poucos as pessoas vão se afastando, deixando de se tecer na rede familiar, sentindo-se isolados uns dos outros e que pouco ou nada tem a ver uns com os outros.

A priorização da materialidade é uma das propostas da família moderna. Ora, a materialidade é importante, condições de conforto, manutenção da saúde, alimentação, escola etc. Mas, qual a conseqüência da materialidade estar em primeiro lugar na vida das pessoas? O grau de importância oferecida aos bens - como carro, casa, decoração, festas - destaca-se demais comparado ao grau de importância das relações humanas – fazer coisas juntos, dividir tarefas e responsabilidades, compreender uns aos outros.

Por isso, no processo psicoterapeutico, procura-se viabilizar a família e o casal, propondo terem mais tempo junto. Estar junto é ter tempo e atividades dedicadas à família. Portanto, além de momentos em que as pessoas estão presentes no mesmo espaço para um almoço, uma janta, uma comemoração, é fundamental também ser fraterno um com o outro na divisão das tarefas, pois, as coisas que são compartilhadas em comum exigem atividades a serem feitas, como, por exemplo, lavar a louça, levar no médico, ajudar a fazer os deveres etc. O que une as pessoas é também o fazer junto.

Pelo que foi colocado acima é possível entender as queixas trazidas nas primeiras sessões de psicoterapia do casal, da família ou da criança. Tais queixas envolvem, então: dificuldades em experiênciar ser pai ou mãe, um dos cônjuges ou os dois pensando em se separar, a criança com problemas na escola, o adolescente com problemas na escola e de comportamento, dificuldades em dialogar.

Ressaltou-se aqui, um aspecto importante do processo psicoterapeutico, viabilizar a família e o casal para estar junto e fazer junto. Além disto, é importante também, que cada um mantenha seu espaço individual, com seus amigos, realizando seus gostos particulares etc. Neste sentido, cada família e cada casal tem sua sigularidade. Certamente que o serviço de psicologia vai levar em conta esta singularidade no processo psicoterapeutico.


sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A anorexia e a bulimia: uma discussão sobre a relação com o corpo

Como vivo meu corpo? Uma das possibilidade de viver o corpo é “a posse”. Este tipo de relação que estabelecemos com nosso próprio corpo é o mesmo tipo de relação que estabelecemos com o corpo do outro e, do mesmo modo, o tipo de relação que o outro estabelece com o nosso. Isto é, quando vivemos situações como meu coração está doente, meu nariz é feio, minhas mãos são bonitas. Outra possibilidade é experienciar meu corpo. Como por exemplo, Quando subo uma escada, sinto-me sufocar, já não tenha a mesma resistência, ou Cheguei e ele me olhou, senti-me especial e linda!

Ambas as maneiras de viver o corpo que eu tenho ou o corpo que eu sou ocorrem no cotidiano e geralmente não há nenhum problema. Mas, para algumas pessoas, viver o seu corpo é viver uma espécie de sofrimento. Por exemplo, uma jovem que avalia seu corpo como se fosse o corpo do outro. Utiliza para avaliar-se, como o corpo que eu tenho os preceitos para avaliar o corpo de uma modelo de passarela. Ela se descreve assim:

Tenho lábios muito carnudos, nariz meio de batatinha, testa mais escura que o resto do rosto e um pouco grande, cabelos muitos ressecados e volumosos, braço gordinho e antebraço seco, barriguinha saliente e estômago com intestino preguiçoso, culotes e gordurinhas localizadas na região do quadril, que se contrapõe com as minhas canelas finas. Um monte de manchas nos braços, nas costas, na bunda, no quadril, na parte de trás das coxas, cotovelo e joelho escuros, manchas de nascença na parte de trás da coxa direita e na parte de trás da canela esquerda, fios grisalhos nos pelos pubianos, na sobrancelha e uns poucos na cabeça. Seios muito pequenos e com os bicos grandes e escuros. Eu gostaria de mudar 90% de todo esse sofrimento, mas seria preciso muito dinheiro.

O sofrimento que esta jovem menciona toma a forma de: vergonha de tirar a roupa na frente de alguém o que atrapalha a sua sexualidade, as vezes acredita que as pessoas estão olhando para ela e rindo dela, portanto ela evita sair na rua. Ela acredita que se for magra será também segura frente a sua sexualidade e frente às pessoas em geral. Magra para ela é ter o padrão peso/altura definidos pela indústria da moda. Então, para ser magra ela começou a tentar vomitar depois de comer, pois não conseguiu deixar de comer, mas o ideal para ela seria deixar de comer. Assim, se inicia um processo denominado bulimia. Além do vômito provocado existem outros artifícios que se utilizados podem denotar a bulimia, como por exemplo, o uso de laxantes.

Na bulimia, como na anorexia (medo de engordar) a jovem considera-se gorda mesmo com o peso normal e até mesmo com peso abaixo do normal. Tem um ideal de ter um outro corpo que não o seu enquanto deseja ser magra, não importando a conseqüência, seja a doença ou a morte. Uma jovem de 18 anos escreve um relato justificando porque ela é 'ana'. Ela, como tantas outras, instituicionalizou a anorexia como Ana, neste sentido, ela própria é a anorexia.


Sou Ana porque...


Porque eu quero ser linda
Porque quero que todos sintam inveja de mim
Porque eu vou Ter muita confiança.
Porque vou ficar bem em qualquer roupa
Porque eu não vou Ter inveja de ninguém
Porque estou cansada deste circulo vicioso de comida
Porque eu não consegui ainda
Porque eu não quero ser louca para sempre
Porque estou entediada
Porque quero ser melhor
Porque eu não quero ser gorda
Porque gordo é horroroso
Porque eu não me sinto confortável na minha própria pele
Porque eu vou ser
Porque só nisso que eu penso
Porque eu vim até aqui
Porque estou cansada de esperar
Porque quero que meu namorado tenha a garota perfeita
e eu quero que ela seja eu
Porque eu sou mais forte que comida
Porque comida me faz fisicamente invalida
Porque Deus me deu a força de vontade
Porque comida é igual a Crack
Porque eu tenho que quebrar o vicio
Porque eu vou me odiar se eu não o fizer
Porque eu choro toda noite com nojo de mim mesma
Porque eu tenho medo de subir na balança
Porque a Gloria vai ser minha
Porque eu posso ser perfeita, mas eu preciso ser forte
Por causa do ontem
Por causa do amanha
Porque todo mundo pensa que eu não posso consegui-lo
Porque ninguém me leva a serio
Porque me fará feliz
Porque amanha nunca chega
Porque eu vou provar que posso conseguir
Porque eu sempre quis isso
Porque eu posso fazer isso !



Neste sentido, a relação com a alimentação, com o corpo como se fosse o corpo de outro, deve ser sustentado durante todos os dias, durante todas as refeições, durante todo o tempo, pois o corpo deve ser avaliado constantemente. Aliado a isto, esta jovem experiencia o corpo que eu sou na relação com a alimentação, por exemplo, como fraqueza sua por ter se alimentado ao invés de experimentar-se saciada quando tem sede e quando tem fome.

Este tipo de relação com o corpo e com a alimentação, permeada pelo horror a engordar e pela repulsa da alimentação é justificado pelo intuito de ser bela(o) e amada(o). Mas, de fato, as crianças, jovens e adultos que estabelecem esta relação com o corpo tornam-se cada vez mais inseguras(os) e doentes. Além disto, costumam esconder sua relação com o corpo e com a alimentação das pessoas que lhes são próximas e articulam-se com outras pessoas com os mesmos propósitos – como mostram os sites de relacionamento, trocando dicas sobre como manter a bulimia e a anorexia e esconder dos outros (namorado(a), pais, amigos).

Tentamos compreender sumariamente este fenômeno chamado bulimia e anorexia. Para o paciente que procurar o psicólogo é importante descrever com ele as experiências, referentes ao corpo que eu sou. É importante resgatar com o paciente situações em que tais experiências foram agradáveis, prazerosas, satisfatórias e fazê-lo pensar sobre as possibilidades de vivenciar num futuro mais imediato estas experiências: ser bela(o), ser amada(o) e ser saudável dentro das suas próprias possibilidades e condições de vida.




segunda-feira, 23 de junho de 2008

Projeto de Ser, Desejo de Ser e Depressão

Um paciente disse-me certa vez quando lhe perguntei o motivo pelo qual me procurou “Sou como morto vivo, minha vida não tem mais sentido, não tenho ânimo para levantar-me pela manhã, não sinto nenhuma alegria no meu dia-a-dia”. A depressão é vivida pelas pessoas de forma muito diversificada, mas, há algo em comum entre estas pessoas, isto é, falta-lhes sentido na vida.

Depois de uma introdução destas cabe a pergunta “Desde quando esta falta de gosto pela vida lhe ocorre?” As respostas variam. Eis algumas delas:

Sra. viúva - “Bem, eu..... perdi meu marido faz alguns anos, desde então.....”

Sr. Cardíaco - “Quando o problema cardíaco começou, eu não pude viver mais do modo que vivia. Tive que parar com o futebol, depois agente fazia um churrasquinho, uma cervejinha... a mulher quer que eu largue o cigarro... brigamos por isso... sabe como é.”

Sra. Solitária - “Eu vivia para os filhos, para a família né... Nunca tive tempo para mim, eu sempre em último lugar. Agora foram todos embora. Se não bastasse os filhos... cada um numa cidade... ainda o marido me largou.... (choro)”

Srta. sem êxito – “Quero crescer profissionalmente, mas no mundo não há lugar para mim. Sou feia e chata...”

Estas queixas são todas fictícias, pois não se pode expor um paciente. Entretanto, de tão corriqueiras muitos dos que estão lendo o texto podem identificar-se com elas. O psicólogo, neste ponto, deve pensar qual a relação que este paciente estabelece com o seu futuro. Deve pensar deste modo porque o paciente com depressão estabelece uma determinada relação com o futuro, na qual este futuro não tem sentido. “Vejo-me só, sem ninguém, e assim permanecerei”, “agora com essa cardiopatia nunca mais vou divertir-me, então é melhor não fazer mais nada”. O futuro que este paciente almeja aparece-lhe como inviabilizado.

É possível superar a depressão. Em primeiro lugar, é importante pensar em perspectivas mais imediatas. O que é possível viabilizar neste momento da vida. Em segundo lugar, compreender que não é possível viver o que foi vivido no passado. Havia um projeto de ser neste passado, como por exemplo, ser mãe e esposa e cuidar da família; ter amigos, fazer festas, brincar, tomar cervejas, fumar, varar a noite. Entretanto, existem elementos deste passado que podem ser vividos de uma forma diferente. Portanto, em terceiro lugar, há um novo projeto que deve ser posicionado, ser mãe de filhos adultos e independentes, curtir com os amigos, mas sem aquelas extravagâncias etc.

A depressão ocorre a uma pessoa porque o ser-humano é desejo e projeto de ser. Desejo de ser e projeto de ser envolve a realização do desejo de ser no cotidiano. A encarnação do desejo é o projeto de ser. Na relação com o futuro desejado é que as ações cotidianas têm sentido, isto é, alimentando o desejo no dia a dia. Esta relação, com o que foi construído ao longo da história da pessoa e suas perspectivas de futuro muda, ao longo da própria história. Essa transição, em geral, apresenta alguma dificuldade. Mas, para algumas pessoas esta dificuldade aparece-lhe como inviablização do seu desejo. Ao sentir-se inviabilizada vai deixando de fazer algumas coisas, vai entristecendo-se, vai deixando de fazer ainda mais coisas até encontrar-se muito triste, sem ânimo para nada “sem sentido para a vida”.

O ser-humano não existe antes de fazer-se. Portanto, aí está o segredo. Fazer-se, quer dizer, abrir novos horizontes, novas perspectivas agindo nesta direção. Mesmo que no inicio seja difícil, com o acompanhamento psicológico adequado, o paciente supera a depressão, pois estabelece para si um projeto de ser, dentro das novas possibilidades que se apresentam em sua vida, que pode ser diferente do que foi, mas não menos satisfatória, ou quem sabe, ainda mais satisfatória.


segunda-feira, 2 de junho de 2008

Informações sobre técnicas psicoterápicas


Nosso objetivo neste texto é somente apresentar algumas técnicas e estratégias de intervenção em psicologia, são elas: o Processo psicoterapeutico; o Aconselhamento psicológico e a Orientação Profissional.

Através da teoria e das técnicas da psicologia clínica pode-se tratar de pacientes da terceira idade, adultos e adolescentes, bem como crianças. Os problemas mais comuns são: dúvida profissional, falta de motivação, dificuldade de concentração, dificuldades no relacionamento com a família, como o amor, com colegas de trabalho, com amigos, timidez, solidão, tristeza, depressão, esquizofrenia, entre outros. A intervenção psicológica deve servir para a superação de tais problemas, de acordo com a ética psicológica e pautada por um pensamento científico.

O processo psicoterapeutico é constituído por 3 momentos: a avaliação psicológica ou diagnóstico, a compreensão do paciente frente ao problema, superação do problema mediante perspectivas sólidas de futuro. Sistematiza-se em sessões de 55 min. que ocorrem, geralmente, uma vez por semana.

Além da psicoterapia, que media a superação de problemas de ordem psicológica envolvendo a personalidade do paciente há o Aconselhamento Psicológico. O Aconselhamento Psicológico é direcionado a problemas de ordem psicológica mais imediatos, isto é, prioriza-se uma demanda específica, como por exemplo:

  • Lidar como uma doença com risco de morte envolvendo todo o modo de vida do paciente;
  • lidar com uma doença grave que exige mudança de hábitos de vida (cardiopatias, câncer, diabetis etc.)
  • superar os impactos vividos por vítimas de acidentes traumáticos ou/e mutiladores;
  • auxiliar no tratamento médico de pacientes com dificuldades referentes à/ao :
    • sexualidade – dificuldades com a ereção, impotência, problemas em relaxar durante o ato sexual, dúvidas em relação ao prazer etc.
    • auto-imagem – achar-se gordo(a) mesmo que abaixo do peso, obesidade, achar-se feio(a) atrapalhando a paquera ou as relações humanas em geral etc.);
    • ansiedade – responder aos mais diversos contratempos com irritabilidade e agressão etc.
      • ao tabagismo;
      • alcolismo etc.
  • orientar a escolha profissional;

O aconselhamento psicológico sistematiza-se em 20 sessões de 55 min. cada. Os momentos que constituem o aconselhamento psicológico são os mesmos da psicoterapia, porém, extremamente direcionados pela demanda específica. O paciente receberá a orientação adequada, caso seja averiguado pela psicóloga a necessidade de passar-se do aconselhamento psicológico para o processo psicoterapeutico.


Dica: é sempre importante você se informar sobre a psicologia como ciência e profissão para obter um serviço de psicologia adequado. Sobre isto acesse o link www.pol.org.br, que é a página do Conselho Nacional de Psicologia.


segunda-feira, 26 de maio de 2008

O processo de escolha profissional: da dúvida à decisão

Andréa Luiza da Silveira
CRP-12/02021
deasilveira@gmail.com
(48) 8415-4034

Ter recursos para prover os meios de vida e de realização pessoal é uma preocupação de jovens e adultos. Em determinada fase da vida, geralmente, as pessoas pensam em iniciar um projeto profissional através do primeiro emprego, da realização de um concurso para uma escola técnica ou para um curso superior. Pode ocorrer, no período da escolha profissional, de se viver a dúvida e a angustia. A dúvida e a angustia fazem parte da própria escolha até se chegar à decisão. Entretanto, a dúvida e a angustia podem ocorrer também, de uma forma em que a pessoa sente-se paralisada frente aos estudos, vê-se como fracassada ou se sente perdida. Então, quando a dúvida e a angústia atrapalham o processo de escolha, como lidar com elas? Uma boa opção é recorrer-se a Orientação Profissional com um psicólogo. A Orientação Profissional auxilia o processo de escolha profissional atacando, sobretudo, três pontos: o conhecimento sobre as profissões, a relação com a aprendizagem, as possibilidades concretas que se apresentam para aquele jovem especificamente.

Ora, é comum alimentar-se a dúvida e a angustia acreditando que se deve encontrar a verdadeira vocação. Porém, a escolha jamais é definitiva. O que as pessoas têm, na verdade, são possibilidades, como, por exemplo, as condições sócios-econômicas que viabilizam certas escolhas e outras não. Para um jovem que pretende ingressar na universidade pela primeira vez existe um grande número de cursos possíveis. Para ele, a maioria dos cursos é novidade, principalmente quando ainda não teve nenhuma vivência profissional. Mas, quais são suas reais possibilidades. Para um jovem que irá prestar o primeiro vestibular, por exemplo, e sonha em ser Engenheiro Mecânico, mas precisa trabalhar. Quais estratégias ele pode lançar mão para realizar o seu sonho? A condição deste jovem é diferente da de outro jovem cujos pais são dentistas e ele pretende fazer ondontologia.

Os jovens, ao enfrentarem a escolha por uma profissão, muitas vezes são pressionados pelos familiares: ter que fazer um curso que dê dinheiro, ter que fazer um curso específico segundo o sonho do pai ou da mãe, ter que passar em qualquer curso para entrar na universidade de qualquer jeito etc. A pressão, provavelmente, proporciona tensão, ansiedade, tristeza ao jovem. A pressão familiar aliada à vivência do jovem de que a primeira escolha é definitiva, isto é, para toda a vida, pode deixá-lo ainda mais em dúvida e angustiado. E, se não bastasse a dúvida e a angustia por si só, tamanha indecisão o atrapalha ao estudar, pois, enfrenta dificuldades para concentrar-se.

Assim, vê-se que o jovem tem influências que podem ser favoráveis a um processo de escolha seguro ou influências desfavoráveis a este processo. Resta saber como lidar com elas. É importante que o jovem ao invés de conselhos tenha aberto diante de si um leque de possibilidades, isto é, condições de obter informações sobre as profissões, contato com profissionais da sua área de interesse e observar profissionais trabalhando se for permitido.

Pode-se observar que as sugestões acima são concretas. O jovem deve ser colocado frente a realidade nua e crua. E além disto, deve pensar ‘será que quero passar o resto da minha vida fazendo isto?’ ou refletir, ‘será que quero realizar esta profissão durante vários anos da minha vida?’ ‘Mas, se eu não gostar posso tentar outra coisa’.

O caso de Cal é um exemplo do que foi afirmado acima (caso e nome fictícios). O sonho de Cal era fazer medicina, desde o primeiro ano do segundo grau. Quando comunicou aos pais seu sonho eles ficaram muito felizes. Não mediram esforços para que o filho tivesse o melhor preparo. Os anos se passaram e Cal prestou o exame vestibular. Dedicou-se muito, sempre foi um bom aluno e passou no terceiro vestibular que prestou. Todos comemoraram e seus pais ficaram cheios de orgulho. Entretanto, Cal não suportou o curso de medicina. No primeiro ano viu que não queria ser médico. Não queria lidar com a doença de outras pessoas etc. Seus pais ficaram desesperados, mas Cal não abriu mão. Prestou exame novamente, desta vez para direito. E hoje, já um profissional atuante, está muito realizado como advogado.

Cal soube conversar com os pais. Apesar de eles terem ficado tristes, no início, depois se alegraram com a realização do filho. No entanto, há situações difíceis, com brigas, choros, sofrimentos, isolamento do jovem. Nestes casos, a ajuda da Orientação Profissional pode ser bem vinda.

Então, a Orientação Profissional, pode ser útil para aqueles que sofrem com uma imensa dúvida e angustia. Mas também, pode ser bastante útil nas situações em que o jovem não tem a menor idéia do que gostaria de fazer. Nada lhe agrada ou tudo lhe agrada. Nunca teve experiência profissional, não sabe como é o trabalho dos pais etc. O primeiro passo deste jovem deverá ser conhecer as profissões mais de perto.

O segundo passo propiciado pela Orientação Profissional, depois de se deparar com o conjunto de profissões possíveis a partir do seu contexto de vida, será a investigação do projeto da pessoa: o que ele fez até o momento; quais os cursos que realizou; quais as suas distrações preferidas; como ele organiza a sua vida e assim por diante. Verificando-se as suas ações cotidianas e as suas qualidades pode-se delimitar um certo perfil profissional. Por exemplo, uma pessoa tímida, com dificuldade em falar com as outras pessoas precisa superar está qualidade de ser tímida se quiser ser um profissional da área de Relações Públicas.

Um ponto muito importante que deve ser superado é a dificuldade de aprendizagem. A pessoa pode ter dificuldade em se concentrar, em ter disciplina para estudar, fica ansiosa na hora da prova e esquece a matéria e assim por diante. Estas características vão atrapalhá-la tanto nos estudos quanto na prova do vestibular ou em outro concurso e vão atrapalha-la igualmente, nos estudos e nas provas no decorrer do curso escolhido. Esta é uma das demandas que se supera mediante a Orientação Profissional.

Viu-se, brevemente, que a escolha deve ser pautada nos dados da realidade, tanto no que concerne às características individuais como no conjunto de possibilidades socioeconômicas e psicológicas que se apresenta a pessoa. A decisão deve ser orientada pelo psicólogo como uma escolha possível, não definitiva. A escolha possível em função de um determinado futuro que o jovem almeja. Portanto, esta escolha está ligada a outras relações da pessoa: amorosa, familiar, com os estudos, com o lazer, com os amigos. Por isso, é fundamental levar-se em conta que a escolha profissional está relacionadas a outros aspectos da vida das pessoas, pois envolve um estilo de viver.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Estresse, emoções e problemas cardíacos.

Andréa Luiza da Silveira
CRP-12/02021
(48) 8415-4034
deasilveira@gmail.com

Quando alguém se refere aos aspectos psicológicos que influenciam nas cardiopatias, costuma citar o estresse. Hoje em dia, é comum dizer-se das situações que nós vivemos como difíceis, sofridas e emocionantes, que elas foram estressantes. Brigou com o filho aí diz “estou estressado”. Estou trabalhando além do limite, também diz, “estou estressada”. A relação amorosa não vai bem, ainda dizem, “estamos estressados um com o outro”.

Então, a palavra estresse, que serve para designar uma situação estremada, na qual a pessoa foi além de seu limite, está sendo utilizada para definir os mais diversos acontecimentos e emoções vividas em decorrência destes acontecimentos.

Ora, mas o que aconteceu afinal quando briguei com meu filho e chorei depois? O que é este sofrimento que me persegue por não conseguir um entendimento com o meu amor? Por que trabalho cada vez mais e nunca é o suficiente? Mas, se formos investigar a fundo o que, de fato, está por traz de cada exemplo destes, veremos que é muito mais que um simples estresse. Viver uma situação estremada pode-se dizer dela, que foi estressante, porque esta situação fez você passar de seu limite. Mas, chorar, tremer, irritar-se, o coração acelerar, sentir vontade de sumir etc. não é estresse e sim é uma emoção. Esta emoção, pode ser a ansiedade, a tristeza, misto de alegria/euforia e tristeza, etc. Entretanto, uma emoção, o tremor, as lágrimas, o coração acelerar e a tristeza ocorrem sempre, em uma situação específica.

As pessoas lidam de formas diferentes com os impasses, em suas vidas. Estes impasses são significativos, são importantes de uma maneira especial, para cada pessoa. Portanto, o sentido da emoção é próprio da pessoa que a viveu e daquela situação específica, isto é, enquanto uma pessoa reage explodindo, brigando outra reage chorando sem conseguir conversar. Por que chorei naquela situação? O que aconteceu que nos fez brigar, perder a calma e explodir? Por que sempre fico nervoso em dadas circunstâncias? Estas são questões relevantes, que precisam ser feitas para se entender esta dinâmica psicológica caracterizada por uma forma recorrente de agir frente às situações difíceis que ocorrem na vida das pessoas, sobretudo, daquelas que sofrem de alguma cardiopatia.

Sim! É verdade que processos emocionais podem influenciar a origem dos mais diversos tipos de doenças. Principalmente, quando a pessoa que se emociona constantemente e em diversos momentos do seu dia a dia quando se depara com dificuldades, com ocorrências que são particularmente difíceis para ela. Perante tal dificuldade, a situação que a pessoa está vivendo lhe aparece como sem saída, na vivência da falta de opção em agir para resolver o problema que se apresenta, a pessoa que se emociona age sobre si mesma chorando, desmaiando ou trancando-se num quarto escuro, sem vontade para nada.

A maneira mais adequada de agir frente aos impasses seria pensar em formas de identificar quais as possibilidades para resolver-los. Por exemplo, perguntar-se, “como fazer para resolvê-los?”. Mas, pensar e agir no sentido de resolver os problemas, os impasses e superar a tristeza, a falta de sentido na vida, o nervosismo etc., será, certamente, um aprendizado para aqueles que costumam agir no mundo através da ansiedade, da tristeza etc. Este aprendizado pode ser realizado com a ajuda de um profissional qualificado, como o psicólogo. Neste caso, não é preciso ficar doente para cuidar do coração, que cumpre uma função orgânica fundamental. Pode ser uma atitude preventiva ter uma vida com qualidade.

Mas, para aqueles que já estão doentes, não esqueçam que, além de mudar a alimentação e mudar os hábitos do dia a dia, muitas vezes, é fundamental mudar também, a atitude frente à vida. Para tanto, é aconselhável o acompanhamento psicológico.

Fotos: Fábio Carminati

terça-feira, 13 de maio de 2008

Psicoterapia, uma alternativa para a superação dos problemas psicológicos.


Você já viveu alguma situação de sofrimento no trabalho, no seio familiar, no ambiente de estudos, nos grupos de amigos?

Os problemas psicológicos, muitas vezes, começam assim, como um desconforto nas relações. As queixas mais comuns são: a timidez, a dificuldade de concentração, certa melancolia ou tristeza, as dificuldades em relação à sexualidade, a insatisfação a respeito do próprio corpo, as dificuldades em lidar com algumas situações sem se emocionar (chorar ou explodir), a insegurança em relação à profissão, as dúvidas na escolha de uma profissão, a depressão, a esquizofrenia etc. Mas é importante saber que, do mesmo modo que tais dificuldades acontecem na vida das pessoas, elas podem ser superadas.
Resolver uma dificuldade de ordem psicológica só é possível porque a personalidade é constituída historicamente mediante diversas relações. O tempo é uma destas relações (passado, presente e futuro), com os outros (família, amigos), com o corpo e com o mundo (instrumentos de trabalho e roupas). Por conseguinte, sendo estas as relações fundamentais das pessoas, é justamente nelas que se dá a complicação a nível psicológico. E, resolve-se o problema psicológico na medida que se soluciona os impasses destas relações. O trabalho do psicólogo é, exatamente, orientar através do método científico adequado, a resolução de tais problemas.

Vejamos um exemplo de uma pessoa que se complica psicologicamente em dado momento de sua história pessoal. Sr. ‘X’’ é um homem que tem um cotidiano rígido de horários precisos. Ele jamais se atrasa, é conhecido como pontual e responsável. Costuma-se dizer “com Sr.X. pode-se contar...”. No entanto, aumentaram as suas responsabilidades no trabalho ao mesmo tempo que teve que buscar, todos os dias, seu filho na escola. Sr. X tem se aborrecido. Cada vez mais tem se aborrecido e irrita-se facilmente. Quando vai buscar o filho na escola, irrita-se (emoção) profundamente com o transito (em relação ao mundo) posto que chega atrasado e sempre deixa coisas por fazer no escritório. Atualmente costuma irritar-se com os outros, já houveram alguns maus entendidos no trabalho e com sua esposa. Irrita-se quando o filho (em relação aos outros) demora para se arrumar antes de ir para a escola ou brinca na frente da escola enquanto sr. ‘X’ o espera. Então, Sr. X briga com o filho. Aliás, de repente, irrita-se facilmente e em qualquer lugar, no trabalho, em casa e até em atividades de lazer. Nosso irritado preocupa-se, pois quando se dá conta já está brigando, xingando, faz seu filho sofrer com tal atitude e magoa as pessoas. Ele mesmo já percebeu sua mudança de atitude, não consegue deixar de se irritar e não quer mais se relacionar assim.

Podemos dizer que Sr. X não está conseguindo lidar com determinadas relações em determinado contexto de sua vida. Este fato aborrece-o, visto que, não é este o pai que quer ser e o colega de trabalho que quer ser. Sr. ‘X’ gostaria que as pessoas continuassem a contar com ele sem ter medo que ele explodisse ou se irritasse. Mas para que ele consiga superar esta ‘irritação’ talvez necessite do auxilio de um profissional capacitado. A psicoterapia é uma alternativa que as pessoas têm para buscar a resolução dos problemas psicológicos, como os do sr. ‘X’. Ora, vivemos numa mesma cultura, na qual impera o corre-corre. Diz-se até que esta é a condição das pessoas modernas. Então, parece que temos senhores X’s, senhoras X’s, crianças X’s.

A psicologia está a disposição das pessoas, para que ao invés de enfrentarem suas dificuldades sozinhas possam ter retaguarda de uma ciência com metodologia adequada e segura. Sendo que, esta ciência é a psicologia.

Fotos Fábio Carminati